PRESENÇA NEGRA NO CARIRI CEARENSE

Ao longo da execução do projeto, os encontros internos desempenharam um papel fundamental na construção coletiva do conhecimento, na organização das atividades e na reflexão crítica sobre os achados da pesquisa. Esses momentos são essenciais para alinhar as estratégias, fortalecer a equipe e garantir que os objetivos sejam atingidos de maneira colaborativa.

Os encontros são realizados quinzenalmete, seguindo a metodologia da miolagem, permitindo que cada participante compartilhe suas percepções e análises a partir das experiências vividas durante a pesquisa. A troca de saberes entre os membros da equipe proporciona uma ampliação das leituras sobre os documentos coletados, promovendo um olhar atento às nuances da presença negra no Cariri cearense.

Além das discussões analíticas, os encontros internos também servem para ajustes metodológicos, revisão das visitas de campo e planejamento das próximas etapas do projeto, além de proporcionar uma escuta ativa, de construção de narrativas conjuntas e de fortalecimento do compromisso com a valorização da memória e identidade da população negra na região.

Com a participação de integrantes do GRUNEC e convidados. Os encontros se tornam um espaço de formação contínua, onde o aprendizado se dá de forma orgânica e participativa. Essa prática de diálogo constante reforça o compromisso do projeto com a construção de um conhecimento que não apenas registra, mas que também fortalece a identidade e a luta das comunidades negras do Cariri.

Os Ciclos Formativos de Miolagem são estruturados como momentos centrais para o aprofundamento teórico, metodológico e experiencial dentro do projeto. Inspirados na ideia de que o conhecimento se constrói a partir do diálogo e da troca, esses encontros reunem pesquisadoras(es), ativistas e integrantes do GRUNEC, residentes no Estado do Ceará e em outras partes do Brasil para refletir, analisar e compartilhar percepções sobre os achados da pesquisa.

Realizados periodicamente ao longo do processo, os ciclos têm como base a metodologia da miolagem, que valoriza a escuta ativa, a oralidade e a vivência como elementos fundamentais para a construção de um pensamento crítico afrorreferenciado. Em cada encontro, são debatidas as descobertas oriundas da pesquisa documental e iconográfica, sempre buscando conectar esses registros ao contexto histórico e social da população negra do Cariri cearense.

A estrutura dos ciclos combina momentos de exposição teórica com dinâmicas interativas, promovendo uma participação ativa de todas as pessoas envolvidas. Além de aprofundar conceitos ligados à memória coletiva, à identidade e à territorialidade, os encontros também fortaleceram o compromisso do grupo com a valorização da cultura negra caririense, contribuindo para que a pesquisa fosse desenvolvida de forma coletiva e engajada.

Ao longo do projeto, os Ciclos Formativos de Miolagem têm se tornado espaços de fortalecimento comunitário, em que cada contribuição individual se soma à construção de um conhecimento vivo e pulsante, essencial para a luta por justiça social e valorização das africanidades na região.

Foto do Projeto Oliveira’s

Os percursos urbanos se tornaram uma etapa essencial do projeto, permitindo que a pesquisa saísse dos arquivos e ganhasse vida nos territórios, ruas e espaços simbólicos que carregam a memória da presença negra no Cariri cearense. A partir da observação in loco e do diálogo com as comunidades, buscamos identificar marcos históricos, expressões culturais e narrativas que evidenciam a construção e resistência da população negra na região.

Os trajetos percorridos até o momento foram definidos com base nos achados da pesquisa documental e nos relatos das comunidades locais, privilegiando espaços como antigos quilombos, terreiros, mercados, feiras, engenhos, igrejas e áreas onde a cultura afro-caririense se manifesta com força. Cada parada no percurso foi um momento de reflexão sobre como a história negra foi registrada (ou silenciada) nos espaços urbanos e sobre as formas de resistência que continuam a marcar o presente.

A abordagem adotada nesses percursos integrou a metodologia da miolagem, valorizando a escuta, a troca e a relação sensível com os lugares. Ao caminhar por esses territórios, buscamos não apenas registrar informações, mas também criar conexões com as experiências das pessoas que vivem e mantêm viva a memória nesses espaços.

Os percursos urbanos, assim, se tornaram um exercício de cartografia afetiva e política, resgatando e reafirmando a presença negra na história do Cariri. Esse movimento contribui para o fortalecimento da identidade territorial e para a construção de narrativas que reconhecem e valorizam a cultura negra como parte fundamental da memória coletiva da região.