Identidade e Território dentro do projeto Caminhos do Baobá reforça a importância da terra como um espaço de pertencimento, resistência e memória para as comunidades negras e quilombolas do Cariri cearense. O projeto parte da compreensão de que o território não é apenas um espaço geográfico, mas também um lugar simbólico onde se constroem identidades, relações sociais e práticas culturais fundamentais para a manutenção da história afrodescendente na região.
A conexão com o território é representada de forma concreta pelo plantio do Baobá, árvore sagrada nas tradições africanas. Desde 2014, essa ação vem sendo realizada em diferentes comunidades negras e quilombolas do Cariri, criando laços entre gerações e reafirmando a ancestralidade desses povos. O Baobá, como símbolo de resistência e longevidade, ressignifica o espaço e fortalece o pertencimento comunitário, ao mesmo tempo que reforça o compromisso com a preservação ambiental e cultural dessas localidades.
A construção e valorização da identidade negra são fomentadas por meio de atividades formativas, rodas de conversa, mediações culturais e trocas intergeracionais. O projeto reconhece a oralidade e a memória como formas legítimas de produção e transmissão de conhecimento, garantindo que os saberes ancestrais continuem vivos. Ao reunir crianças, adultos e idosos, fortalece-se a conexão entre passado, presente e futuro, promovendo a reafirmação dos valores, das práticas culturais e da história de cada comunidade.
Além disso, o projeto compreende o território como um espaço político de resistência. A itinerância das atividades possibilita a ampliação do debate sobre os desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas e negras no acesso a direitos, educação e políticas públicas. A articulação em rede entre o Terreiro das Pretas, o GRUNEC e as comunidades cria estratégias para fortalecer a autonomia dessas populações, estimulando o protagonismo e a continuidade das suas lutas.
Assim, Caminhos do Baobá reafirma a importância do território como um espaço de memória e pertencimento, garantindo que as comunidades negras e quilombolas do Cariri cearense sigam ocupando seus lugares com dignidade, identidade e resistência.












Conexão entre as Rodas de Miolagem, Apresentações Audiovisuais e a Criação de uma Rede de Comunicação Comunitária
O projeto Caminhos do Baobá busca fortalecer a identidade e a memória das comunidades negras e quilombolas do Cariri Cearense, não apenas por meio de ações culturais, mas também por meio da criação de um espaço de diálogo e troca de saberes. Ao integrar práticas de patrimônio, memória e oralidade, essa iniciativa resgata a essência das comunidades, suas tradições e suas histórias, conectando o passado com o presente e projetando o futuro.
Um dos pilares fundamentais para essa construção de saberes é a metodologia das rodas de miolagem, que vai além da simples troca de informações. Trata-se de uma prática baseada na escuta ativa e no respeito mútuo, onde cada relato, experiência e saber é valorizado. As rodas de miolagem, ao serem realizadas dentro do contexto de Caminhos do Baobá, oferecem um espaço de pertencimento e de fortalecimento dos laços comunitários, em que as pessoas podem partilhar suas histórias, refletir sobre suas identidades e, ao mesmo tempo, renovar seus vínculos com a ancestralidade.
A exibição de peças audiovisuais, como parte do projeto Cinemafrica ao Luar, também assume um papel crucial nesse processo. O cinema, como forma de arte e como meio de comunicação, tem o poder de imergir os participantes em outras realidades, provocando reflexões sobre a sociedade, a cultura e as questões sociais que atravessam a vida cotidiana das comunidades. As exibições de filmes, especialmente aqueles que tratam da temática afrodiaspórica, realizadas nas comunidades de forma itinerante, cria uma conexão direta entre as obras e as vivências locais, permitindo que os relatos audiovisuais dialoguem com as experiências e os desafios das populações negras e quilombolas do Cariri.
Essas práticas – as rodas de miolagem e as apresentações audiovisuais – junto ao trabalho do Projeto Oliveira’s formam um elo poderoso para a criação de uma rede de comunicação comunitária, que se constrói a partir do diálogo entre as pessoas e das relações estabelecidas com o território e suas expressões culturais. Através dessa rede, as comunidades não apenas compartilham suas histórias e saberes, mas também amplificam suas vozes para fora de seus territórios, conectando-se com outras experiências e movimentos que visam fortalecer as lutas sociais, culturais e políticas da população negra.
Essa rede de comunicação comunitária se desdobra em diferentes dimensões, considerando as especificidades de cada território e as identidades locais. Com o trabalho desenvolvido pelo Terreiro das Pretas, cada comunidade, ao receber as ações do projeto Caminhos do Baobá, cria um ambiente único de acolhimento, troca e reflexão, onde os saberes ancestrais são revigorados por novas práticas culturais. Ao integrar essas experiências com a metodologia das rodas de miolagem e o formato itinerante das exibições de filmes, o projeto proporciona um intercâmbio cultural constante, criando um círculo de fortalecimento da cultura negra e quilombola, além de colaborar com a formação de uma rede interconectada de resistência cultural e comunitária.
O Cinemafrica ao Luar funciona, assim, como um ponto de encontro entre a arte e a realidade das comunidades, promovendo a visibilidade e o reconhecimento de suas culturas. As peças audiovisuais e os filmes, com seus relatos e narrativas, são pontos de partida para reflexões profundas durante as rodas de miolagem, ampliando a discussão sobre identidade, território e ancestralidade. Isso cria uma comunicação contínua entre o que está sendo vivido nas comunidades e o que é compartilhado no universo audiovisual, gerando um ciclo de aprendizagem e valorização mútua.
Por fim, a ação de promover uma rede de comunicação comunitária é essencial para amplificar as vozes dessas populações. Ao vincular as práticas culturais e as expressões locais com a produção e o compartilhamento de conteúdos audiovisuais, o projeto Caminhos do Baobá não só fortalece o território, mas também impulsiona o reconhecimento e a valorização das culturas negras e quilombolas, tornando-as protagonistas de suas próprias narrativas.





